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Brasil deve intensificar relações comerciais com China e Japão
A gradual mudança do eixo da economia mundial em direção à Ásia impõe ao Brasil desafios, como a integração das cadeias produtivas, em especial com as japonesas e chinesas, buscando aumentar a competitividade, o que pode ser feito com a internacionalização das empresas brasileiras, disse nesta terça-feira (23/2) o embaixador do Brasil no Japão, Luiz Augusto de Castro Neves.
“Hoje em dia, as empresas brasileiras que têm tido um comportamento mais dinâmico são aquelas que se internacionalizaram. Crise à parte, as empresas mais pujantes do Brasil, que são a Vale, a Embraer e a Petrobras, têm alto grau de internacionalização. E, evidentemente, os negócios na Ásia são cada vez mais substantivos”, afirmou Neves, na Associação Comercial do Rio de Janeiro
O cenário pós-crise internacional abre também perspectivas de atração de investimentos asiáticos para o país. “O Brasil deve ser um bom destino para investimentos asiáticos, forjando uma parceria de longo prazo”. Para que esses investimentos possam se concretizar, Castro Neves recomendou a necessidade de o país solucionar os gargalos existentes na área de infraestrutura. “Ninguém é competitivo com uma infraestrutura falha”, apontou.
Segundo o embaixador, a infraestrutura brasileira está aquém da capacidade produtiva da economia. “De repente, se a economia brasileira crescesse 10% ao ano, poderíamos ter um gargalo energético, um gargalo de ferrovias e rodovias, um gargalo de portos. Tudo isso vem sendo debatido no Brasil, mas requer investimentos pesados”.
Ele informou ainda que os países asiáticos levam uma vantagem em relação ao Brasil, que é a carga tributária baixa daquelas economias. Na China, ela representa cerca de 19% do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma dos bens e serviços produzidos no país, enquanto no Japão, embora mais pesada, a carga tributária não passa de 25% do PIB. No Brasil, ela representou em torno de 35%, no ano passado.
Castro Neves avaliou que as relações entre Brasil e China contribuíram em grande parte para que o Brasil conseguisse atravessar a crise externa com um bom desempenho. “A demanda chinesa por commodities (produtos agrícolas e minerais comercializados no mercado internacional) continuou muito intensa. Isso permitiu que o Brasil continuasse a exportar commodities e aumentasse, inclusive, as vendas, permanecendo com saldos importantes na balança comercial”.
Com o Japão, ele disse que o grande desafio agora é o relançamento das relações que já foram muito importantes no passado, mas perderam o dinamismo nas duas últimas décadas do século 20. Com a China, a integração é uma necessidade natural. “Hoje em dia, precisamos nos habituar à ideia de que uma fração crescente das nossas relações internacionais será com a China e não apenas com os Estados Unidos e a Europa”.
O embaixador assegurou que o papel da Ásia no século 21 será muito mais importante do que foi no século 20. “O século 21 poderá ser o século onde a Ásia terá uma importância equivalente à que o mundo ocidental teve no século 20”. Acrescentou que o Brasil terá que levar isso em consideração, se quiser ser uma nação mais pujante, democrática e integrada ao primeiro mundo. Afirmou ainda que todos os caminhos são válidos para o Brasil promover a integração com a Ásia, inclusive via África do Sul