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Assustados, Brasileiros lotam consulado para sair do Japão
O terremoto seguido de tsunami e ameaça de desastre nuclear assustou os brasileiros que vivem no Japão - até mesmo aqueles que vivem há décadas no país e já estavam acostumados aos abalos sísmicos. Não por acaso, o consulado brasileiro em Tóquio vem atendendo, na última semana, pelo menos 200 pessoas por dia para regularizar seus documentos para sair do país. Até diplomatas estão embarcando suas famílias de volta.
Suzana dos Santos Miura, 29 anos, que vive há 15 no Japão, está morando no carro com o marido desde a última sexta-feira. Não tem coragem de voltar a seu apartamento no nono andar de um edifício em Chiba, a 50 km de Tóquio. "Estou apavorada. Normalmente, os terremotos eram coisa de segundos, mas esse durou dois minutos", disse ela, que já marcou passagem para retornar ao Brasil no dia 7 de abril. "Gostaria de voltar antes, mas preciso levar minha cadelinha (a yorkshire Mel), e a única companhia que deixa ela embarcar comigo é a Lufthansa", observou, mostrando o documento de autorização especial.
A irmã de Suzana, Laura Akahoshi, esteve no consulado brasileiro com o marido, Antony, e os dois filhos na manhã da última sexta-feira, quando a espera por atendimento chegava a três horas. O casal avalia retornar ao Brasil e quer estar com todos os passaportes em dia para poder embarcar a qualquer momento. A montadora onde Antony trabalha, em Gunma (200 km da capital), está parada há uma semana e não tem data para retomar as atividades. Sem trabalho e sem pagamento, o operador de 26 anos quer voltar para São Paulo. "Sem dinheiro, não dá para ficar", disse ele, que vive há três anos no país. A fábrica de bentô (comida pronta) onde Suzana trabalhava também parou devido ao terremoto, e ela aproveitou para pedir as contas.
Laura ressaltou que vai sentir falta da "tranquilidade" do Japão, especialmente porque tem dois filhos pequenos - Allan, de dois anos, e Laissa, de 10 meses. "Aqui também é mais fácil conseguir as coisas", acrescentou a sansei (neta de japoneses) que veio para o Japão com os pais, aos 13 anos.